quarta-feira, 24 de abril de 2024

Onipresente Revel

M'Eu 
Réu 
Maior.

Por quem
tua
ausência 
mor...reu...
e Vive?

domingo, 21 de abril de 2024

Quimera

Um verso feliz,
de sílabas e letras
felizes, em uma estrofe
extremamente feliz, entre
outras estrofes mais animadamentes
felizes ainda, compunham um poema
bonito e feliz.
A poesia percorria faceiramente por
entre aquelas linhas de uma métrica 
abolida e por isso felizes, 
sempre sorrindo e dançando,
e contagiava com sua alegria todas as
possíveis alegorias que moravam e
viviam dentro da quimera daquele feliz 
e satisfeito poema.

Triste o poeta,
triste a pena,
triste o tinteiro...

A realidade fora daquele poema
era terrivelmente feia e triste.
Os pensamentos na cabeça  do 
poeta viviam em desordem,
seu coração mastigava pedaços 
podres de amores antigos,
e sua alma, fantasma de si mesma,
vivia assombrada  pela percepção 
de parecer obsoleta dentro da 
própria existência. 

Mas os dedos tortos daquele poeta
escreveram poemas felizes até a morte.

Cidade Natal

O fim de tudo em frio cinza
claro ou alaranjado escuro,
como pôr do sol em
Guarapuava, linda cidade
horrível de muita gente
pouca e feia.
Assim como eu,
pardo esclarecido e feio,
revolucionário e,
em um lugar como esse,
supérfluo e desnecessário. 
Desde que se volta,
depois de muito tempo,
a viver em sua terra natal,
somente o passado, por assim
dizer, pode ser um presente
ideal.

Absurda Beleza do Ridículo

Sobre como tudo se repete,
decisivo e sempre.
Sob a égide da odiosa
natureza humana de
esplendor sub-reptício e
dona da patente da invenção 
de Deus.
Tudo é cíclico,
do pão duro que alimenta ao enganador
circo que apraz,
do sincero pecado ao falso
perdão, 
do amor ao amor ao terror,
da paz para a guerra e da
guerra contra a paz:
Absurda a Beleza do Ridículo. 
Do corruptor ao corruptível, o
algoritmo maldito e os desgraçados
virtuais, da paixão subnutrida 
super nutrida pelo dinheiro,
a necessidade de respirar...
Do bê-a-bá da corrupção a
corrupção dada ao Homem
codificada em seu DNA,
do fogo ao oxigênio e da 
solidariedade ao suicídio...
Da vontade de viver,
ao morrer para não matar.

quinta-feira, 11 de abril de 2024

A Cerca

Quem acredita em
Deus      faz      dele
algo  inacreditável. 

Quem não  crê  em 
tal           existência 
como                   Eu,

desperta   sempre
c u r i o s i d a d e
acerca.

Narco Trágico

Cânceres e Cárceres 
Quedas e Quotidianos
Traumas em Transe
e pensamentos escapistas 
extra cranianos:
Quando a realidade
adoece a gente,
Álcool e Nicotina e
narco trágico o
gatilho da loucura
diz para,
mas quero ser Poeta
e só paro depois de
Muito Morto.
Em quanto em mim
há vida?
...Acelerado...em 
Toda Via
Com Tudo Eu Morro.

domingo, 7 de abril de 2024

Esfinge de Si

Como poeta em desespero não sei se
devo tentar dissuadir do suicídio a
minha Musa ou se nesse poema tento
eu mesmo matá-la.
A cada palavra que escrevo ela morre,
a cada palavra que calo ela atenta
contra si para morrer.
Já não sei o que faço para deixá-la
viva, não sei de que modo posso deixá-la
viver.
Minha pena um punhal que ataca a
própria poesia, e o sangue de minha
Musa que escorre dos versos atiça
minha verve a querer mais sangue e
a deixar cada vez mais vermelho as
minhas entrelinhas. 
Porém, como posso eu, poeta que já 
foi misericordioso, atacar com minha
poética, a Musa de minha alma
perdida que tanto me salva e salvou,
mas culpada também, nunca deixou
de mostrar sua ira contra mim 
mostrando-se sempre ré confessa de
críticas à minha escrita que nem mesmo 
a métrica antimusa a si mesma já 
confessou?
Não vou matá-la, não posso, não possuo 
talento suficiente para com minha
inspiração atacar minha inspiração, 
minha arte poética é pobre e por isso
sempre minha Musa foge da minha
cabeça, um casebre, e busca abrigo
no meu bem instalado e promissor 
coração. 
Mas se esta alma que me veste é de
poeta de verdade, eu tenho dó de minha 
Musa, pois temo que meu coração 
também está tragicamente condenado 
ao fracasso. 
Não há para onde ir, não há fuga,
apenas ideia de uma busca que a
leva querer fugir de buscar outra
vez, e outra vez de novo mesmos
propósitos para outros fins, ou um
fim lógico para a sua existência sem
propósito e sem nenhuma definição 
de si para o que é e o que é para si
e que define seu destino diante de
todas as linhas já escritas em que
buscou existir, e que agora quanto
mais caminha pelos versos, mais 
veredas se fazem estes mesmos versos 
que a ferem e que a matam e que,
pela busca da fuga, 
a apetece o morrer.
E se a pena cala, ela se mata, 
se joga do silêncio, se lança da
ponta da pena para dentro do tinteiro 
tóxico vermelho e submerge,
desaparece para todo o sempre nessa
busca insensata pelo fim.
Minha Musa atormentada sofre por
aquilo que não pode compreender e
sabe, que se foge de si,
é porque muito jovem,
desde os primeiros versos já havia
encontrado sua essência, de natureza 
de Esfinge considerada em si mesma,
o que é, ela busca saber, o saber,
e por isso quando não, 
resta apenas a sorte companheira,
a última tentativa, o morrer.